Desde há alguns anos a terapia Snoezelen adquiriu uma certa importância no quadro dos cuidados a pessoas com demência.
Segundo o DSM-IV, a Demência caracteriza-se pelo
desenvolvimento de múltiplos défices cognitivos, incluindo comprometimento da memória, devido aos efeitos fisiológicos relacionados com uma condição médica geral, aos efeitos persistentes de uma substância ou a múltiplas etiologias (por exemplo, os efeitos combinados de doença cérebro-vascular e a doença de Alzheimer). Os transtornos demenciais partilham uma apresentação sintomática comum, mas são diferenciados com base na sua etiologia.
A demência é, como já foi dito, uma
doença cerebral degenerativa, caracterizada por perda progressiva da memória e de outras funções cognitivas, que prejudicam o paciente em suas actividades de vida diária e em seu desempenho social e ocupacional. Ela pode ser divida em três fases ou estadios .
leve, moderada e grave . de acordo com o nível de comprometimento cognitivo e o grau de dependência do indivíduo.
Na fase inicial da doença ou primeiro estadio, mostra diminuição significativa no desempenho de tarefas instrumentais da vida diária, mas ainda é capaz de executar as actividades básicas do dia a dia, mantendo-se independente.
Verificam-se repetições, esquecimento de nomes, de local, de objectos pessoais. Há um défice selectivo para acontecimentos recentes. A avaliação neuropsicológica pode evidenciar discretas falhas na atenção, no nomear e a nível visuo-espacial (Teive, 2004).
Na fase moderada ou segundo estadio, o compromisso intelectual é maior e o paciente passa a necessitar de assistência para realizar tanto as actividades instrumentais como as actividades básicas do dia-a-dia. Existem défices na linguagem, raciocínio, orientação espacial e funções executivas. Há alteração do ciclo sono-vigília e alterações do comportamento. Podem surgir
sintomas psiquiátricos, como delírios, alucinações e agitação (Teive, 2004).
Na fase grave e final da demência ou terceiro estadio, o indivíduo geralmente fica acamado, necessitando de ajuda total. Deixa de reconhecer os familiares e amigos (Teive, 2004) e pode apresentar dificuldades de deglutição, sinais neurológicos (mioclonias e crises convulsivas), incontinência urinária e fecal (Bottino, 2002).
Benefícios da terapia Snoezelen em pessoas com Demência.
Segundo Pinkney (1999), o Snoezelen proporciona estímulos sensoriais para aguçar os sentidos. Durante a década passada, a aplicação clínica de Snoezelen estendeu-se desde o campo da deficiência e dificuldades de aprendizagem até à atenção à demência. A justificação do seu uso reside em proporcionar um ambiente sensorial com menos exigências sobre as capacidades intelectuais enquanto se
aproveitam as capacidades sensoriomotoras residuais das pessoas com demência, como também o asseguram os estudos de Marcus (1983) e Hanley (1988), citados por Pinkney (1999).
Nos últimos trinta anos o Snoezelen ganhou popularidade e tem-se aperfeiçoado de uma maneira impressionante, graças aos muitos trabalhos de investigação, sobre a eficácia do Snoezelen, que se vão desenvolvendo nos últimos anos em vários países e em diferentes áreas de estudo (Mertens, 2005).
Os médicos demonstram interesse em utilizar o Snoezelen em pessoas com demência e têm-se documentado resultados aliciantes na área da
promoção de comportamentos adaptativos e na melhoria da qualidade de vida das pessoas em causa.
Os doentes ao se exporem à terapia Snoezelen
melhoram significativamente, nomeadamente a nível dos comportamentos desajustados e agressivos, depressão, apatia e perda de decoro. Observaram-se mudanças significativas, em sentido positivo, no humor, na relação interpessoal, na relação com o meio e ao nível comportamental.
Conclui-se que o Snoezelen tem efeitos muito benéficos no humor, comunicação e comportamento de pessoas com demência.